sexta-feira, 7 de outubro de 2016

Quando a mina fica cheia de 9 horas...


Curiosidade do dia:

o limite das nove horas da noite, “a hora clássica do século XIX, regulando o final das visitas, ditando o momento das despedidas”.
Qualquer um que teimasse em ficar na rua depois disso poderia ser “apalpado e revistado” pela polícia, e “apenas os boêmios, notívagos impenitentes, teimavam em afrontar os perigos da noite, da polícia, dos ladrões e capoeiras esfaimados”.
Não se deve imaginar que o limite estraga-prazeres das nove da noite tenha sido uma criação do século XIX. Câmara Cascudo cita uma frase reveladora do escritor português seiscentista Francisco Manuel de Melo: “Não dera ainda as nove horas, que é a taxa de todo cativeiro do matrimônio!”. Tradução: o marido que não voltasse para casa às nove estaria em apuros.
Mas o que isso tem a ver com o sentido de “cheio de nove horas” que chegou até nós e que intriga Camila – o de “cheio de frescura, de manias, de idiossincrasias, de salamaleques”? Com a palavra, o autor de “Locuções tradicionais do Brasil”:
Criou-se no século XIX a figura sestrosa, cerimoniática, meticulosa, do Cheio de Nove Horas, criatura infalível em citar regras, restrições, limites às alegrias dos outros, memorialista dos pecados alheios, fiel lembrete aos códigos e regulamentações, imperativas e dispensáveis, complicando as cousas simples.

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